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ESCORREGÕES NO PORTUGUÊS 22-05-2020

 

 DERRAPADA  GRAMATICAL

        MARIA FERNANDA prepara-se para o próximo ENEM. Zelosa na prática do bom português, a jovem me enviou uma mensagem encontrada na rede social. “Estranhei a quantidade de derrapadas gramaticais. Trata-se de um texto de profissional da imprensa”.

Repare e tire suas conclusões: “Nós como altoenses ficamos triste com a situação que nossa cidade se encontra. Calamidade mesmo em todos os locais. Esse ano tem eleição, esperamos que não continue o mesmo grupo. Rua que dar acesso a minha residência, isso é no centro atrás do mercado público de altos, pra sair pra trabalhar preciso passar por ai, a unica maneira de passar é a pé e molhando as pernas até a altura do joelho”.

O texto, nobre Fernanda, merece palmatória, considerando-se que foi produzido por profissional da imprensa,

de quem se espera mais apuro gramatical. VEJA e COMPARE:(correções aparecem em destaque)

“Nós, altoenses, ficamos tristeS com a situação EM QUE a cidade se encontra. Calamidade em todos os locais.

Esse (ESTE) ano tem (OCORRERÃO) eleições. Esperamos que não continue o mesmo grupo QUE COMANDA O MUNICÍPIO. A rua que dar (DÁ) acesso a (À) minha residência, isso (ISTO) é (,) no centro (,) atrás do Mercado Público de Altos(.) PARA ME DIRIGIR AO trabalhO(,) preciso passar por ai (ALI), a unica (ÚNICA) maneira ENCONTRADA é IR a pé e molhando as pernas até À altura do joelho.

ELMAR CARVALHO

O juiz, poeta, crítico, escritor e membro da ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS, enviou-me seguinte e-mail:
Nestes tempos de covid-19, fiquei com algum tempo livre para escarafunchar ideias em que já não pensava há muito tempo. Quando jovem, achava elegante usar MESÓCLISE, um hábito tanto pernóstico ou afetado, usava-a com parcimônia... Lançava mão de artifício para evitá-la, Contudo, hoje, vejo constantemente o verbo no FUTURO DO PRESENTE ou no FUTURO do PRETÉRITO, iniciando uma frase, mas com o pronome átono ANTES do verbo. Diante disso, pergunto: o regramento gramatical já está aceitando a PRÓCLISE a que me referi?”

Nobre ELMAR, louvo-lhe a nobreza e simplicidade ao se dirigir a este modesto professor, que você me costuma chamar de MESTRE. Ser simples é não ser composto. Sua indagação expressa boa dose de humildade.

Observe os exemplos e explicações abaixo: a) PRONOMES ME, TE, SE, LHE (LHES), O, A, OS, AS, NOS, VOS. O brasileiro costuma usar os pronomes acima ANTES do verbo (PRÓCLISE): Me disseram que você não viria; Nos veremos em breve. Ora, só devemos usar PRÓCLISE somente em alguns casos que estabelece GRAMÁTICA: NÃO te verei amanhã; EMBORA lhe pareça incorreto, assine este documento, EU te proponho um acordo; NINGUÉM me impedirá calar a boca.

B) ATENÇÃO PARA OS VERBOS NO FUTURO DO PRESENTE OU DO PRETÉRITO: Não use PRÓCLISE (ANTES), mas MESÓCLISE (no MEIO): Levar-te-ei ao shopping; NÃO te levarei ao shopping; levá-la-ei ao shopping; NUNCA a levarei ao shopping. Dir-lhe-ia que também não irei; EU lhe diria que não me importa ir.

OBSERVAÇÃO: Em PORTUGAL, é comum usar pronome e verbo em SEGUNDA PESSOA, e não na TERCEIRA PESSOA: Afirmo-te que estou bem; no BRASIL: Eu lhe afirmo que estou bem. No BRASIL é VOCÊ, LHE; já em PORTUGAL é TU, TE.

Meu nobre ELMAR CARVALHO, você disse bem: o uso da MESÓCLISE É PERNÓSTICO. Tem razão. Não se espante se você encontrar um estudante, em PORTUGAL, propondo à sua amada: “Querida, levá-la-ei ao cinema”.  E no BRASIL: “Querida, levá-la-ei ao cinema”. Muita frescura, não? SABE QUE VOCÊ, ELMAR, TEM RAZÃO?!

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